Paulo Meira

15 minutos no jardim de Alice Coelho

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  • Data

    07/12/11 07/01/12

  • Artista

    Paulo Meira

A exposição 15 Minutos no Jardim de Alice Coelho tem como ponto central o vídeo de mesmo nome. No vídeo, Paulo Meira explora alguns conceitos recorrentes em seu trabalho: movimento, tempo e a ideia de acontecimento, evento pontual que transforma a realidade e a experiência. São conceitos também presentes nos livros Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho, do escritor inglês Lewis Carrol, com os quais o vídeo de Paulo Meira dialoga.
Personagens do entretenimento popular, a exemplo de palhaços e “aberrações” circenses, são recorrentes no trabalho de Paulo Meira.

Desta vez ele se utiliza de uma mulher barbada, um mágico e uma assistente de atirador de facas para povoar o vídeo, que tem uma antiga escola de operários, hoje abandonada, como cenário. Há uma grande potência narrativa no vídeo, mas esta se esboça unicamente através dos seus elementos mais básicos: personagens e ações, que não se explicam ou contextualizam. São acontecimentos.

A obra também marca a aproximação cada vez mais forte do artista com o universo do cinema. O fantasma do cinema está nos ícones visuais como personagens-estereótipos e cenários carregados de atmosfera e no trabalho minucioso de direção de arte, elementos que permanecem na memória – principalmente a memória infantil – mesmo quando as histórias contadas já foram há muito esquecidas. O artista também se utiliza de técnicas e truques cinematográficos que concretizam os conceitos fundamentais do vídeo – os paradoxos do movimento e do deslocamento no espaço e no tempo.

A exposição foi montada, dessa forma, de modo a aproximar a experiência de fruição do vídeo à de uma obra de cinema. Foi criada no primeiro andar da galeria uma sala de exibição, com uma tela de projeção em frente a uma cortina preta e antigas poltronas de cinema dispostas em fileiras para o público. Ao longo da escada escurecida, pequenas luzes de LED rentes ao chão marcam o caminho aos assentos.

No térreo, uma nova ficção: uma instituição inventada, a Alice Rabbit Foundation, foi simulada para abrigar o filme. A Foundation “engoliu” a Galeria Amparo 60, tomando para si todo o espaço. Nas paredes, ao lado da logomarca da Alice Rabbit, está a programação da fundação, na qual consta inclusive outra exposição ocorrendo simultaneamente na galeria. Um cartaz da exposição, emoldurado, torna-se o cartaz do filme sendo exibido; as fotografias de Paulo Meira dos personagens do vídeo viram stills publicitários da atração principal. Completando a ambientação, jarros de flores tropicais e, ao longo da parte superior das paredes, retratos pintados dos fundadores e principais membros da Alice Rabbit Foundation – coelhos brancos, de ar sério e roupas sóbrias, não muito diferentes do personagem que leva a Alice de Carrol a entrar no País das Maravilhas. Em uma das paredes, uma grande pintura histórica, representando um coelho sendo caçado por uma raposa, lembra os séculos de perseguição enfrentados pelos coelhos. Desta forma, a montagem contribui para fornecer novos sentidos ao vídeo e colocar em relevo mais uma vez o talento do artista para a direção de arte.

Na abertura da exposição, lanches associados à experiência de ir ao cinema foram servidos: balas, chocolates, jujubas e, claro, pipoca. O artista aproveitou a oportunidade para conduzir um bate-papo, onde discutiu o processo de criação e os conceitos relacionados às obras.

Texto crítico de Oriana Duarte

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