
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
Christina Machado
Data
12/08/05 24/09/05
Artista
Christina Machado
Curadoria
Joana D'arc
A Pele é o que Separa o Corpo do Mundo é o título desta exposição. No título, um convite à reflexão de que somos invadidos pela idéia do tecido que protege o corpo, os órgãos, a intimidade. A forma surge delgada e chata, aparentemente frágil e fina, como uma lasca, uma fatia ou, ainda, assemelhando-se a uma pele porosa — camada externa de um corpo presente —, insinuando, em suas espessuras, cores e formas, um inventário de “peles” de origens e locais diferentes, assim como o próprio barro — enganando os olhos do real material usado. Essa camada abre-se a diferentes leituras; será este um tecido que separa o que está dentro do que está fora, o interno do externo, o que pode ser visto e o invisível a olho nu? É este viés, fio condutor que une, articula e torna cúmplices os trabalhos selecionados para esta exposição.
Numa série de grandes painéis feitos a partir da composição de 36 placas de cerâmica elaboradas uma a uma, feitas com delicadeza e paciência — revelada pela sua tênue e fina espessura —, surgem desenhos impressos no barro, elaborados pela artista nas placas coladas a um suporte forrado de leve tecido poroso, que insiste em aparecer entre os vãos e as fissuras. Construções realizadas pela relação entre o fogo e o processo experimental da técnica surpreendem pelo resultado final. Desenhos nascem, inesperados e propositais, aos olhos da artista. O processo de colagem e montagem do painel se apresenta como uma etapa na qual a artista reinventa a obra, com composições e intervenções pictóricas e gráficas sobrepostas às lâminas de cerâmica.
Os títulos são intrigantes e confirmam, em parte, o que os desenhos e as grafias insinuam na forma, recolocando a temática da mostra. Há uma aproximação entre questões da Psicanálise e o trabalho desta artista. Aliás, a Psicanálise e a arte do século XX nasceram na mesma época e não pararam de se atrair, se distanciar e se tocar, até a atualidade.
Recorte do texto de Joana D’arc