
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
Paulo Meira
Data
23/03/05 30/04/05
Artista
Paulo Meira
Em “Sábados”, Paulo Meira apresenta pinturas realistas de páginas de papel pautado em branco, com dimensões alteradas. Aqui, a imagem-objeto aparece fora da sua ordem funcional e representacional, saindo do universo da escrita e da construção de significados. “O que está em jogo é o deslocamento do universo do cotidiano diante da infinitude de possibilidades do ‘ver-agir’ em relação à dicotomia ‘vazio-cheio’ do espaço pictórico”, explica o artista. As obras dessa série serão expostas na Amparo 60 com variantes em formatos e mídias.
O campo imaginário entre o visível e o invisível é observado em “Bordas”, através de figuras que levam o espectador a uma linha tênue que margeia outras zonas de afeto. Segundo Meira, as telas podem levar a situações onde há tensões entre as percepções do próprio corpo ou de dimensões por ele habitadas.
Já na série “Poesias”, as pinturas são campos negados violados por gestual. As páginas vêm acompanhadas com suas ramificações de textos/legendas, que de longe procuram o ideograma, mas sem rumo em relação à escrita, destacando uma lepra que interdita os vernáculos: “Essa possibilidade é suspensa porque se é incapaz de articular o construto deste universo”.
Dando continuidade às representações, mas desta vez bastante realistas, Paulo Meira revela impressões apagadas de páginas pautadas através da técnica que chamou de “Quadro Amigo”. Com propostas díspares, as pinturas constroem espaços afetivos em contínuo fluxo de mensagens e sensações. “A série Quadro Amigo nasceu como uma atitude de encontros afetivos com entes e amigos que são nossas necessidades de atualização de sentimentos, memórias e informações.”
Na exposição A Perder de Vista, Paulo Meira compõe imagens que procuram quase sempre remeter o público a conexões com o outro ou consigo mesmo, refazendo um atlas imaginário de ideias, afetos, lembranças, sonhos, distopias, entre outros fragmentos do real. São objetos de memória, mentais ou ilusórios que revelam o desejo de retorno. “São objetos de memória. Mentais ou ilusórios, eles revelam o desejo de retorno e são atravessados por buscas afetivas de algo que foi vivido, mas que agora se faz imaginado. Uma proposta que evidencia o lugar do não enunciado ou vazio. Como se os objetos pintados tivessem urgência de serem imaginados. Potência da pintura mesma”, completa Meira.
Texto de Paulo Meira