
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
Derlon
Data
02/09/21 02/10/21
Artista
Derlon
Curadoria
Mariana Oliveira
O mar
Quando quebra na praia
É bonito, é bonito
O mar
Pescador quando sai nunca sabe se volta
Nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos, seus filhos
Nas ondas do mar
O Mar, Dorival Caymmi (1914 – 2008)
A letra e o balanço desta música de Caymmi nos joga no meio das ondas, lança-nos ao mar. Em Boa Viagem, Derlon faz o mesmo. Não através da música, mas de uma instalação que nos cerca e também nos puxa para dentro das águas, que nos revela um horizonte marítimo.
Nas paredes, barco, sereia, farol parecem levar a esse mergulho. No centro, um barquinho nos guia e uma moringa nos conforta, mostranos que, na água, estamos em casa. A disposição de todas as paredes do salão desenha uma paisagem que acolhe.
Vivendo em São Paulo há oito anos, Derlon sempre teve a memória e as vivências da infância como referências importantes para o seu
trabalho. Aqui são as lembranças do mar e da vida numa cidade litorânea que se materializam nos seus traços. Quem nasceu ou viveu
numa cidade com praia sabe o tanto que ela representa e afeta o cotidiano das pessoas. A praia e o mar são referências da vida e, até
mesmo, da geografia da cidade. Apesar de não estarem no centro, é em torno deles que tudo se organiza, tamanha sua grandiosidade e mistério.
E é a esse mistério que Derlon dá luz em Boa Viagem. O canto das sereias, as carrancas que espantam os maus espíritos, o farol que dá rumo aos barcos, aos pescadores… O artista nos convida a fazer essa viagem, onde o mar é o timoneiro. E o desejo do artista é que esse percurso de ida e de volta, de fora para dentro do mar, como fazem os pescadores, possa ser suave, mas, ao mesmo tempo, rico e impactante. Somos abraçados com carinho pelas águas, que foram e sempre vão ser nosso lar.
Texto crítico: Mariana Oliveira