
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
Ramsés Marçal
Data
29/05/18 18/04/18
Artista
Ramsés Marçal
Curadoria
Hilton Lacerda
Quando Ramsés Marçal me convidou para produzir os textos de sua exposição, o primeiro alerta que disparei foi sobre meu distanciamento daquilo que pode ser considerado adequado para o evento, uma vez que minhas leituras tendiam a uma visão muito particular, bastante próprias e sem nenhum viés acadêmico ou histórico-aliou em qualquer outra exposição. Mas ele revidou com um sonoro sim.Disse-me que buscava uma outra mirada, outros objetivos.Pensava em complementos.
E quando Ramsés veio, trouxe a filosofia alemã para decifrar seu CONTRAPESO. E tivemos poucas e boas conversas , e achei mais interessante manter-me embriagado que direcionado. Mas estava tudo ali. E me dei conta que faltava uma incômoda melancolia tropical. E foi aí que rapidamente os sururus de Graciliano Ramos saltaram da lama no entorno das palafitas; assim como João Cabral e sua educação. E choveu montes de possibilidades. E aja janelas, e portas, e vielas. E aí a lembrança de um ocorrido,que nem sei se fato ou ficção, mas muito revelador para esse CONTRAPESO, veio à mente.
Ocorreu durante um encontro em que Vinicius de Moraes convidou Cabral para se interar da Bossa Nova. Coisa pequena, íntima,uísque. O convidado, que não tinha a música em suas eleições (fora o frevo e o flamenco), colocou-se, irritadiço, a testemunhar o desenrolar das apresentações. Em determinado momento perguntaram para eles e não estava gostando da reunião, e ele perguntou se não tinham outra víscera para musicar. Aqui, no CONTRAPESO, o miúdo balança numa outra possibilidade. Está presente. Mas aqui habemus lapis.Compreende?
Texto: Hilton Lacerda