
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
Paulo Bruscky
Data
24/08/07 28/09/07
Artista
Paulo Bruscky
Curadoria
Cristiana Tejo
Crise aérea vira instalação de Bruscky
Concebida antes do caos na aviação civil, a exposição De homens, máquinas e sonhos inclui trabalho que fala de imperfeições tecnológicas e interferências do acaso
Paulo Bruscky, apesar de ser um dos nomes mais atuantes da arte contemporânea no Brasil, nunca fez uma exposição individual em uma galeria. Sua primeira experiência nesse formato começa amanhã, na Amparo 60, com uma mostra que inclui instalações, vídeos, livros de artista e arte sonora. A partir do tema De homens, máquinas e sonhos, o artista trata da relação do homem com a tecnologia. Está na galeria desde experiências pioneiras com a videopoetização, vídeos do artista nas décadas de 1970 e 80 até uma instalação inédita formada por escadas móveis.
O artista revela que este trabalho foi concebido muito antes do recente caos na aviação civil brasileira. Tal também é o caso de Xeroperformance, um dos vídeos da mostra, onde há várias panes de máquinas de datilografar.
“É uma das exposições mais poéticas dentre as que fiz no Brasil”, avalia Bruscky. Isso se deve tanto às obras distribuídas pela sala da galeria e formam um labirinto que termina em uma gravura recortada de foto do artista com uma mala. A habilidade de se bagunçar todo e depois se encontrar é uma das ideias mais presentes na obra de Bruscky.
O vídeo Xeroperformance também é uma referência direta ao acaso e à perda de controle. O artista toca uma máquina de escrever como se fosse um piano, fazendo o som de teclas e ruídos mecânicos funcionarem como instrumentos. A trilha sonora inclui trechos de peças de Beethoven, Liszt (um dos autores preferidos de Bruscky) e gravações originais.
Algumas das obras já haviam sido feitas em parceria com Daniel Santiago, incluindo registros de intervenções urbanas pioneiras.
Também é projetada uma reportagem da Globo, exibida em 1985, onde Bruscky considera uma “videobiografia genial”, produzida pelos jornalistas André Leite e João Amin Stepple Huley.
Como sempre na carreira do artista, a exposição não está apenas em exibição, ela ganha outras mídias. O mesmo material será publicado, em novembro, no Museu de Arte Contemporânea de Austin (Texas), com curadoria de Cristiana Freire, autora do livro. Antes, expõe em coletivas no Instituto Tomie Ohtake (SP) e na Galeria Marcantonio Vilaça, em Brasília. Além disso tudo, ele coleciona obras e documentos do seu acervo pessoal. Um dos fundadores do movimento internacional Fluxus finalmente será mostrado — e isso há 40 anos depois do início da carreira — em um projeto de exposição promovido em Funarte.