
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
Rodolfo Mesquita
Data
08/06/03 08/07/03
Artista
Rodolfo Mesquita
Curadoria
Lúcia Santos
Artista expõe o ridículo da condição humanaOs quadros de Desenhos Urgentes trazem expressas palavras de ordem – ́Stay Angry ́ (fique com raiva), extraída de um noticiário de TV, durante um protesto norte-americano pós-11 de setembro. Por eles, há também frases de efeito que discutem a atual situação do homem no mundo – “O objetivo é passar de uma porção de dissimuladodespropósito a algo que é evidente despropósito”, diz uma delas. “Porta del inferno / fossa del gigante”, delimita outra.
Rodolfo coleta frases e idéias para compor um universo que critica e expõe o ridículo da condição humana, soltando farpas, ironia e ́angry ́ para todos os lados. Até mesmo paraseu próprio hábitat de artista plástico premiado. Nada escapa ao seu olhar. Em um dos desenhos mais fortes da mostra, ele traça o vaivém calculado de uma vernissage artística,com os personagens dando a impressão de que estão perdidos, de olhos esbugalhados, dentro do seu próprio mundo.
As repetições das cores vermelha, preta e cinza e da própria aparência de várias das figuras retratadas (muitas delas que se aproximam até de um auto-retrato do próprio artista)só ressaltam a impressão que a mostra Desenhos Urgentes conta uma só história. “Na verdade, há sim uma história, mas é mais uma anti-narrativa que estou trazendo do queuma narrativa propriamente dita”, despista Rodolfo.O artista afirma que, em Desenhos Urgentes, ele volta a trabalhar com a repetição de figuras , traço que sempre marcou sua carreira. “Eu repito as pessoas, carros, cabelo esapato”. Esse último na forma de um desenho tridimensional, que é um dos destaques da mostra.
Sobre a apropriação que Mesquita faz do cotidiano, a professora Maria do Carmo Nino, da UFPE, escreveu no texto crítico da mostra: “Ao perceber o que o cerca no cotidiano,Rodolfo é sensível a um certo ritmo ao mesmo tempo singular e universal, submetido à forma pela qual ele experiência o seu encontro com as coisas seja das mais simples às maiscomplexas, das mais populares às mais eruditas; sejam pessoas, objetos, situações, ou mesmo ponderações sobre a própria idéia de fazer artístico. Estes mesmos objetos ouambientes que nos cercam, cuja tirania indolor nos asfixia e nos oprime nos espaços de nossas prisões civilizada.
Texto: Maria do Carmo Nino