19 artistas

Entrar no acaso e amar o transitório

Saiba mais
  • Data

    20/12/22 28/01/23

  • Artistas

    Alice Vinagre , Alex Flemming , Ascânio MMM , Carlos Mélo , Célio Braga, Clara Moreira, Cristiano Lenhardt, Derlon , Fefa Lins, José Patrício, José Paulo , Juliana Notari , Lourival Cuquinha, Luiz Hermano, Marcelo Solá , Márcio Almeida , Ramsés Marçal, Rodrigo Braga, Josafá Neves 

  • Curadoria

    Texto: Mariana Oliveira

A solidão e sua porta

Quando mais nada resistir que valha

a pena de viver e a dor de amar

e quando nada mais interessar,

(nem o torpor do sono que se espalha).

 

Quando pelo desuso da navalha

a barba livremente caminhar

e até Deus em silêncio se afastar

deixando-te sozinho na batalha

 

a arquitetar na sombra a despedida

do mundo que te foi contraditório,

lembra-te que afinal te resta a vida

 

com tudo que é insolvente e provisório

e de que ainda tens uma saída:

entrar no acaso e amar o transitório.

Carlos Pena Filho

 

O poema de Carlos Pena Filho, dedicado ao pintor Francisco Brennand, é o ponto de partida do recorte de obras e artistas que a Amparo 60 apresenta nesta coletiva de fim de ano. O poeta pernambucano, falecido há mais de 60 anos, tem uma obra cheia de musicalidade e com forte apelo visual. Há quem diga que Pena Filho era um pintor cujos pincéis eram as letras. Em sua produção, o Recife é uma constante. O poeta acompanhou a modernização da cidade, em meados do século 20, e trouxe isso para seus versos, como em Guia Prático da Cidade do Recife. É com esse olhar, o olhar de quem acompanha processos, idas e vindas, que a Amparo 60 selecionou as obras que apresenta nesta mostra. 

“Entrar no acaso e amar o transitório” é um recorte que reúne trabalhos de 22 artistas do casting da Amparo 60, entre nomes com uma trajetória já consolidada e outros que iniciaram há pouco seu caminho no universo da arte. Nas obras escolhidas, parte delas inéditas no Recife, a força da pintura, do desenho e da escultura, suportes tradicionais, se destaca. Depois de um período em que essas técnicas foram dadas como “mortas”, elas ressurgem com uma força impressionante, discutindo temas e jogando luz sobre apagamentos seculares. 

Sendo assim, apostando na vida, no insolvente, no provisório, no transitório, no acaso, fazemos desse recorte uma homenagem a esse poeta imenso. 

Texto: Mariana Oliveira

Imagens

Conheça também

Ver todas

Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos

13 artistas

23/05/25 13/06/25

Explore

Tocar o céu com as mãos

12 artistas

20/02/25 30/04/25

Explore