
Mostra Acervo por Diogo Viana e Cecília Lemos
13 artistas
23/05/25 13/06/25
19 artistas
Data
20/12/22 28/01/23
Artistas
Alice Vinagre , Alex Flemming , Ascânio MMM , Carlos Mélo , Célio Braga, Clara Moreira, Cristiano Lenhardt, Derlon , Fefa Lins, José Patrício, José Paulo , Juliana Notari , Lourival Cuquinha, Luiz Hermano, Marcelo Solá , Márcio Almeida , Ramsés Marçal, Rodrigo Braga, Josafá Neves
Curadoria
Texto: Mariana Oliveira
A solidão e sua porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).
Quando pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.
Carlos Pena Filho
O poema de Carlos Pena Filho, dedicado ao pintor Francisco Brennand, é o ponto de partida do recorte de obras e artistas que a Amparo 60 apresenta nesta coletiva de fim de ano. O poeta pernambucano, falecido há mais de 60 anos, tem uma obra cheia de musicalidade e com forte apelo visual. Há quem diga que Pena Filho era um pintor cujos pincéis eram as letras. Em sua produção, o Recife é uma constante. O poeta acompanhou a modernização da cidade, em meados do século 20, e trouxe isso para seus versos, como em Guia Prático da Cidade do Recife. É com esse olhar, o olhar de quem acompanha processos, idas e vindas, que a Amparo 60 selecionou as obras que apresenta nesta mostra.
“Entrar no acaso e amar o transitório” é um recorte que reúne trabalhos de 22 artistas do casting da Amparo 60, entre nomes com uma trajetória já consolidada e outros que iniciaram há pouco seu caminho no universo da arte. Nas obras escolhidas, parte delas inéditas no Recife, a força da pintura, do desenho e da escultura, suportes tradicionais, se destaca. Depois de um período em que essas técnicas foram dadas como “mortas”, elas ressurgem com uma força impressionante, discutindo temas e jogando luz sobre apagamentos seculares.
Sendo assim, apostando na vida, no insolvente, no provisório, no transitório, no acaso, fazemos desse recorte uma homenagem a esse poeta imenso.
Texto: Mariana Oliveira