SP-ARTE – 25 ANOS NO PASSEIO ENTRE  A ABSTRAÇÃO E A FIGURAÇÃO CONTEMPORÂNEA

“Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”, cantou Chico Science (1966-1997), ícone do movimento Mangue, surgido no Recife, no início dos anos 1990  – cuja imagem símbolo era “uma antena enfiada na lama”. 

Há 30 anos, o  movimento marcava a cena cultural da cidade, extrapolando o campo da música.  Poucos anos depois, em 1997, nascia a Galeria Amparo 60. Naqueles idos anos 1990, a lama, o mangue, a terra anfíbia que é o Recife, que é Pernambuco, voltava a falar para o mundo. 

O recorte proposto para a SP-Arte 2023 é uma celebração a esses 25 anos de histórias que falam da arte feita em terras pernambucanas, mas também da produzida fora, no Brasil, no mundo. Ele se funda exatamente nessa territorialidade, nessa antena fincada no solo, mas conectada com o mundo. Num olhar que não fala de Pernambuco, mas que fala desde Pernambuco. Esse olhar fora do eixo – que vem sendo exercitado há mais de duas décadas – é um diferencial da Amparo 60. 

A galeria teve e tem um papel central na promoção e fomento da arte contemporânea em Pernambuco e no Nordeste, tanto revelando artistas da cena local, como trazendo artistas de fora para profícuas trocas e diálogos, para fundação de novas perspectivas e formas de olhar.

Com 25 anos no passeio entre  a abstração e a figuração contemporânea – uma grande celebração de sua trajetória, com curadoria de Heloísa Amaral Peixoto  –, a galeria leva à SP-Arte trabalhos de treze artistas, em sua maioria pernambucanos, outros de fora do estado, de gerações diversas, alguns com a bagagem de anos de estrada – que acompanharam a galeria nessa trajetória de décadas, que viveram seus primeiros anos – outros que fazem parte da novíssima cena, que já encontram uma Amparo consolidada…

O que os une enquanto grupo? Sua presença nesse território, seus pés que caminham por esse terreno tortuoso, moldável. Todos estão interessados em se mover, em olhar o mundo, a arte, a partir de pontos de vista distintos. Um grupo apresenta obras figurativas, numa clara referência à força da figuração em Pernambuco; o outro se lança no campo da abstração, encontrando na geometria um caminho riquíssimo. 

Os jovens Fefa Lins, Clara Moreira, Juliana Lapa, Derlon e Jeff Alan caminham pela pintura e pelo desenho, mostrando o quão vivas estão estas técnicas.  Os traços desses artistas revelam e dialogam com questões pulsantes do contemporâneo, tais como gênero, raça, decolonialidade… Já José Patrício, Ascânio MMM, Hildebrando de Castro, Luiz Hermano e  Cristiano Lenhardt brincam e se jogam nas referências geométricas, em projetos bi e tridimensionais. A fotografia se apresenta nos trabalhos de Cássio Vasconcellos e Cláudia Jaguaribe, enquanto Marcelo Silveira traz não só peças em madeira – material amplamente explorado por ele –, mas trabalhos recentes em colagem e em suporte de papel. 

Assim, se constrói 25 anos no passeio entre  a abstração e a figuração contemporânea, esse recorte que celebra a trajetória da galeria, nascida em Olinda, no final dos anos 1990, na Rua do Amparo, número 60.

Os treze artistas têm seus pés também na Amparo 60, no Recife, em Pernambuco. Daqui falam para o mundo, se comunicam, trocam, dialogam. Depois, assim como a própria galeria, dão um passo e já estão em outro lugar, com novas perspectivas e novos olhares. 

ARTISTAS:

Ascânio MMM

Cássio Vasconcellos

Clara Moreira

Claudia Jaguaribe

Cristiano  Lenhardt

Derlon

Fefa Lins

Hildebrando de Castro

Jeff Alan

José Patrício

Juliana Lapa

Luiz Hermano  

Marcelo Silveira

Cláudia Jaguaribe
Clara Moreira
Ascânio MMM
Hidelbrando de Castro
Jeff Alan