
Fúria da fita vermelha
Clara Moreira
26/06/25 25/07/25
Amanda Melo da Mota , Alice Vinagre , Clara Moreira, Juliana Notari , Maré de Matos
Data
01/03/18 06/05/18
Artistas
Amanda Melo da Mota , Alice Vinagre , Clara Moreira, Juliana Notari , Maré de Matos
Curadoria
Julya Vasconcelos
A noite como o lugar do breu, do silêncio absoluto, da cidade morta, da mata escura onde nada se vê e tudo se teme. Ou a noite insone da pista de dança, das sirenes da polícia, dos bichos à espreita, da música que pulsa, do êxtase, do sexo, do fantástico. A noite em claro como fruto de um esgotamento tão extremo que não permite o relaxamento dos músculos e dos olhos: o cansaço da lida, a memória do abismo. A noite vasta e necessária para a construção de um ato de revide, que amola os fios para abrir num só golpe o topo dos vulcões e deixá-los jorrar a potência de séculos de espera. “A noite não adormecerá jamais nos olhos das fêmeas/pois do nosso sangue-mulher/de nosso líquido lembradiço/em cada gota que jorra/um fio invisível e tônico/pacientemente cosea rede/de nossa milenar resistência”, escreve a poeta mineira Conceição Evaristo, em um poema-libelo sobre a resistência feminina.
Os corpos, as subjetividades e os territórios femininos foram e são reiteradamente colocados no lugar da subvalorização e da desimportância, e é sobre o gestar de uma resposta que este grupo fala. As onze artistas que compõem esta mostra coletiva apresentam aqui trabalhos que transitam por diversos suportes, discursos e técnicas, mas que trazem em seu conjunto a pujança de uma subjetividade que se impõe com a força de uma arma de combate. Falam das potências do corpo, da crise política, da tortura, do prazer,do racismo, da violência de gênero, do espírito e do espiritual, do medo, da geografia, do sonho, do delírio, da resistência. As artistas prezam, aqui, pela aspereza e insurgência dos seus corpos, dos seus territórios e das suas representações. Não há delicadeza possível agora, pois que é preciso dizer e dizer-se ao mundo com urgência. Alice Vinagre, Amanda Melo da Mota, Clara Moreira, Gio Simões, Juliana Lapa, Juliana Notari, Mariana de Matos, Marie Carangi, Regina José Galindo, Regina Parra e Virgínia de Medeiros compõem esta exposição coletiva.